quinta-feira, 31 de julho de 2008

Entrevista com o Presidente da Nintendo

Acho que essa entrevista pode interessar a algumas pessoas:

A Nintendo conseguiu conquistar novos públicos com suas plataformas de jogos DS e Wii. Mas os velhos fãs estão ficando impacientes e se sentem excluídos. Em uma entrevista para a "Spiegel Online", Saturo Iwata, o chefe da Nintendo, fala sobre seu temor de fracasso e do dilema de atender tanto aos jogadores "hardcore" quanto os "casuais".

Spiegel: Sr. Iwata, o mercado de games mudou fundamentalmente nos cinco anos desde que se tornou presidente e executivo-chefe da Nintendo. Pessoas que antes não se interessavam por videogames agora estão comprando consoles.

Satoru Iwata:
Eu sempre acreditei que mais pessoas jogariam videogames se a barreira entre elas e o jogo fosse menor do que era e, em muito casos, ainda é. No meu primeiro ano como presidente, minhas idéias foram recebidas com ceticismo. Meu antecessor, o sr. Yamauchi, sempre disse que é preciso mudar as coisas na indústria do entretenimento - que para sobreviver é preciso fazer o inesperado quando o mercado está em declínio. Eu tenho certeza de que se continuássemos no caminho em que estávamos, a Nintendo teria sofrido uma morte lenta. Naquela época o mercado estava em declínio por seis anos - não apenas para a Nintendo, mas para a indústria de games no Japão como um todo. Então tivemos que mudar as coisas e atrair novos consumidores.

Spiegel: Quando teve certeza de que teria sucesso?

Iwata:
Eu tive sorte por ter funcionado tão depressa. Por muito tempo eu não sabia ao certo o que aconteceria primeiro: se viria o sucesso ou se eu seria demitido.

Spiegel: Após todas as inovações que o senhor apresentou nos últimos anos, os anúncios feitos na E3 (a feira de games) desta ano decepcionaram muita gente.

Iwata:
Nós entendemos que as pessoas ficaram desapontadas. É preciso entender que a E3 é sempre uma boa forma de atingir novos públicos, para transmitir uma mensagem para o público de massa, porque há ampla cobertura da mídia. Então concentramos nossa apresentação nos jogos feitos para os novos consumidores. Nós queríamos mostrar os programas que seriam lançados neste ano e no início de 2009. Nós nunca negligenciamos nossos jogos principais e ainda temos equipes de desenvolvimento trabalhando nestes jogos, apesar de precisarmos de mais tempo para completar estes jogos (dois a três anos), de forma que não os lançaremos no início de 2009. Então não pudemos mostrá-los na E3 deste ano.

Spiegel: A Nintendo perdeu sua vantagem?

Iwata:
Há apenas dois anos nós apresentamos um produto revolucionário, o Wii. De lá para cá ele realizou um trabalho eficaz e expandimos o número de pessoas jogando videogames.

Spiegel: Vocês esqueceram os jogadores 'hardcore'?

Iwata:
Não, nós apenas não mostramos muitos novos jogos para eles. É preciso entender que leva alguns anos para produzir jogos como "Zelda" ou "Mario". Nós não podemos anunciar um novo a cada ano, mas certamente temos equipes trabalhando nos novos jogos. Os jogadores 'hardcore' são muito importantes para nós, porque são entusiasmados em relação aos jogos e encorajam outros a jogarem.

Spiegel: O "Wii Music", um dos maiores games apresentados, parece seguir os passos de jogos como "Guitar Hero" ou "Rockband". Agora vocês estão seguindo tendências, em vez de estabelecê-las?

Iwata:
O "Wii Music" está em desenvolvimento há muito tempo. Você pode lembrar que mostramos partes dele na E3 há dois anos. Logo, não, não estamos seguindo tendências. É apenas um jogo divertido que desenvolvemos, um que achamos ser muito diferente dos outros e muito mais fácil de jogar. É um bom jogo para as famílias jogarem juntas.

Spiegel: Tanto a Microsoft quanto a Sony anunciaram planos para fortalecer seus negócios online. Eles estão vendendo filmes por meio de seus consoles ou cobram para jogar online. A Nintendo está atrás de todos nestas áreas?

Iwata:
Não, nós não temos planos para coisas como vender filmes online, o que não é nosso ramo. Nós somos uma empresa de jogos e não dispomos da infra-estrutura necessária para formação de um imenso serviço online. Isso seria caro demais. Nós temos experiências online em nossos jogos, mas apenas quando intensifica o jogo em si. Então isso nos ajuda a vender mais jogos e consoles e a manter os consumidores satisfeitos.

Spiegel: Os consoles da Nintendo têm uma reputação de serem difíceis para empresas de software. Que o único software vendido para eles é o da própria Nintendo.

Iwata:
Isso não é mais verdadeiro. Um jogo como "Guitar Hero" vendeu mais cópias para o Wii do que para qualquer outra plataforma. Se você olhar para os números que a empresa de pesquisa de mercado NPD acabou de divulgar, mais jogos de terceiros foram vendidos para o Wii do que para qualquer outra plataforma. Agora as empresas de software gostam de trabalhar com nossas plataformas. Mas elas se mostraram um pouco cautelosas quando o Wii chegou ao mercado. Eu conheço a imagem das plataformas da Nintendo e obviamente tivemos que trabalhar a respeito. Mas a imagem não é mais verdadeira.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Visite o site do Der Spiegel

Essa dica nos foi dada pelo nosso leitor, amigo e fã Guilherme DUNADA. Mande também a sua dica para o 4night!

2 comentários:

Bug disse...

Eu acho que está certo a Nintendo dar um pouco mais de atenção para jogos casuais, pois eles querem buscar mais jogadores para o seu lado.
Mais creio que não estao deixando os hardcores de lado, pois realmente gasta mto mais tempo para se fazer um zelda, metroid ou mario. Mas certamente o Wii terá pelo menos mais um Zelda e um Mario...

Anônimo disse...

Thx!
Só pagar um churrasco depois e tá valendo!
UHauhauhuah